O termo “Boombap” é uma onomatopeia que simula o som dos principais instrumentos que compõem a matriz percussiva do rap: o bumbo, a caixa e o clap. O BoomBap é originalmente uma técnica de produção musical de batidas da música rap, que surge em meados dos anos de 1980 e se consolida na indústria fonográfica no início dos anos de 1990, mais especificamente na Costa Leste dos EUA. No entanto, a sonoridade que inicialmente estava ligada estritamente ao rap underground, torna-se um verdadeiro subgênero e, para muit@s artistas ligad@s à Cultura Hip Hop, o BoomBap é um modo de vida, um método criação.
Dentro desse contexto, no dia 28 de setembro de 1993, o Mc , beatmaker, escritor, filósofo e historiador da Cultura Hip Hop KRS-One, lança pela gravadora independente Jive Records o seu primeiro Álbum de studio como artista solo, “ O Retorno do Boombap”. O Álbum, consagrou a sonoridade e modo de vida “Boom Bap” dentro da Cultura Hip Hop, e não foi por menos: o Álbum “ O Retorno do Boombap “, produzido de maneira colaborativa-independente pelo próprio KRS-ONE e, alguns parceiros-as , chegou a alcançar a posição 37 no top 200 da Billboard e a 5ª posição do Top R&B e Hip Hop álbuns, vendendo cerca de 300 mil cópias.
27 anos depois o Mc, beatmaker e escritor Aganju Uh Anti Influencer, idealiza e coordena a produção da Mixtape O Boom Bap Está Morto, onde assina todos os instrumentais, bem como, a direção criativa da obra fonográfica. Essa mixtape declara e destaca as bases, princípios e elementos da atmosfera de produção musical do território em que ela se desenvolve. Além disso, introduz os princípios estéticos da sonoridade e textura lírica que dá substância a um projeto mais ousado de Aganju Uh Anti-Influencer: O UNIVERSO 75.
Sublime, orgânica, memorável, pulsante e carregada de fundamentos, a Mixtape O Boom Bap Está Morto é um empreendimento que transcende o que está sendo digerido como rap. Costurada com poesias potentes e flows marcantes, a obra é formulada por 12 MC’s, 5 home studios e 7 cidades do Recôncavo Sul baiano.
Fazendo jus à organicidade do BoomBap, os beats e as letras conversam entre si de forma que se apresentam como um ser vivente composto por múltiplos sistemas que tomam forma em vozes diferentes. Entendendo o dever histórico de manter a cultura Hip-Hop, essa obra é quem abre caminhos, e delineia as experiências palpáveis do BoomBap enquanto prática de vida e mecanismo de produção do Hip-Hop 075. Essencialmente, a Mixtape o Boom Bap Está Morto é o ímpeto que convida para retomada de um método histórico de produção musical colaborativa dentro do contexto da música rap.
Universo 75, Recôncavo Sul Baiano, 25/12/2020
Escrito por: Mari Ferreira e Aganju Uh Anti-influencer
A Mixtape O Boombap Está Morto já disponível em todos os canais do Ibori Studio, acesse aqui
